sábado, 21 de novembro de 2009

Ancestralidade, Identidade e Resistência


Um dia após as comemorações do Dia da Consciência Negra, fiquei muito contente em assistir o programa Aprovado, cujo apresentador é meu conterrâneo Jorge Portugal e ver a professora/Drª e mestra de capoeira Janja Araújo da Faced/ Ufba, bem como outros profissionais (negros, afrodescendentes) discutindo sobre a temática racial e ações afirmativas no Brasil.

Sabemos que nossas identidades são construídas e solidificadas a partir de referenciais. Nesse sentido, ver pessoas negras ocupando espaços de poder e problematizando em torno de questões políticas, sociais e culturais, incide positivamente em minha formação como educadora e no meu posicionamento enquanto afrodescendente.

Ainda que existam inúmeros problemas em torno das relações raciais no nosso país, devemos comemorar os avanços conquistados pelo nosso povo desde a implementação da escravidão e todo processo de “libertação” que, ao contrário de que muitos pensam, não foi concedido pela princesa Isabel. Tal fato foi apenas mais uma farsa, dentre muitas outras difundidas principalmente através do livro didático, respaldado pela historiografia oficial hegemônica que sempre tentou esconder nosso passado, mas felizmente não conseguiram. Continuamos a resistir.

A história de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares é motivo de orgulho para o povo negro brasileiro. Conforme o discurso de uma das entrevistadas do programa, falar atualmente sobre ações afirmativas não é nada autêntico. Lutar por igualdade de direito é uma herança dos nossos ancestrais, que trazidos para esta terra nunca foram submissos diante da violência da escravidão e de todas as iniqüidades ao longo de nossa história.

Zumbi, ícone de nossas lutas! Lembremos também dos heróis e heroínas negr@s que protagonizaram insurreições e batalhas travadas, principalmente aqui na Bahia, como a Revolta dos Búzios e dos Malês. Lembremos das mulheres negras guerreiras de Salvador, que trabalham arduamente para alimentar os seus filhos, lembremos dos combates diários que muitos de nós enfrentamos para vencer as barreiras do preconceito e do racismo, lembremos de Macota Valdina, Prof. Milton Santos, Zezé Mota, Carolina de Jesus, João Cândido... de minha avó Nicinha.

Liberdade ao Povo Negro do Brasil e do mundo,
Viva Zumbi dos Palmares!!!!!



1 comentário:

  1. Recebi com carinho teu comentário, muito perspicaz e inteligente tuas observações, embora eu ache que tenha sido, comigo, deveras generosa. E para quem dizia que não tinha muito jeito com o universo digital/virtual teu blog está ótimo.

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