quarta-feira, 10 de agosto de 2011

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SÚPLICA A OXUM













Em cada corpo negro
Você
Presente ancestral
Sob o domínio da minha tribo
por um breve período
Pedi a Oxum você para mim
Mas não prestei oferenda
Não fiz ritual
E você partiu para outras terras.
Tantas vezes águas nos olhos
Lutando contra a vontade de derramá-las
Engulo em seco.
Naquela noite
Depois do transe profundo
Falei em outro plano
Proferir segredos do meu espírito
E senti a estranha presença do mal
Amanheceu
O coração doía
Não descansei
Vigiando-te ao longo da noite
Com o gosto do seu suor na boca
Vi seu corpo desaparecer por entre minhas armas
Quando as flechas me acertaram
Eu nem me defendi
Ao retirar as lanças do meu corpo em sangue
Senti um alívio que momentaneamente
Revigorou-me a força
Como guerreira que perdeu a batalha
Recuei com orgulho
Mas a dor insistiu no peito
E o fim anunciou
Perdi o presente dos meus ancestrais.
Mas o chamado é forte
Uma intimação
Há de se chegar o tempo
Em que suplicarei como uma escrava
Oxum!
Com barro fino e amarelo das margens do seu rio
Reveste a minha alma lânguida e rebelde.


                                         

segunda-feira, 1 de março de 2010

DIVISOR DE ÁGUAS

"Realmente emocionante ver na prática a arrogância acadêmica vencendo a saberia popular no discurso, e perdendo na prática."

Alan Tygel

Aprender com os trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra durante o Estágio Interdiscipinar de Vivência e Intervenção em Áreas de Reforma Ágraria, ocorrido em Janeiro deste ano foi uma experiência singular que me proporcionou além de outros posicionamentos, desconstruir preconceitos e contra argumentar diante ao que é exposto pela burguesia em relação ao MST- Movimento dos trabalhadores rurais sem terra. Ainda que as universidades,em seu caráter hegemônico, produzam conhecimento primordialmente para sanar as exigências inescrúpulosas do capitalismo é possível sim, através de iniciativas como a do NEPPA- Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias direcionar a produção intelectual e a tecnologia em favor da classe trabalhadora, não no papel de detentores do conhecimento, mas numa perspectiva de interação dialógica e intervenção praxiólogica.

Todo o estágio me fez refletir e constatar na prática que o sujeito crítico transforma sim a sua realidade, mas não de forma individual. Com o trabalho coletivo, baseado no amor, na alegria e no respeito mútuo, permeado de muita ousadia, disciplina e luta a construção de uma sociedade justa, gerida pelo poder popular deixa de ser mera ilusão para se tornar realidade concreta. 

!


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"VIVA O POVO BRASILEIRO"!!!!!

Parafraseando João Ubaldo Ribeiro:


VIVA O POVO BRASILEIRO!!!
A construção identitária da nossa nação teve a contribuição de muitas etnias e culturas. Tomando como referência a minha família para falar da mestiçagem brasileira, retomo as contribuições simbólicas e imaterias tão importante quanto as hereditariedade dos traços físicos. A herança matriarcal, um traço marcante, em que as mulheres têm vozes ativas nos núcleos familiares seguindo o exemplo da mãe Nicinha, minha avó. Quem nos deixou esse legado? Após a abolição da escravatura aqui no Brasil, segundo alguns historiadores as “negras de ganho” alimentavam famílias numerosas através da venda de seus quitutes pelas ruas. Tenho primos, se duvidar de 20° grau, parentes espalhados na capital e no recôncavo baiano. Ainda assim interagimos, nos aniversários, almoços, casamentos, enterros, em suma, nos falamos constantemente. E essa herança de quem é? Sabe-se que os povos indígenas moravam em grandes aglomerados de ocas, em comunidade, plantavam, caçavam, reuniam-se para os ritos e festejos, sendo os anciãos os mais valorizados.

Bem, provavelmente eu tenho um ancestral europeu, devido a toda constituição histórica do país, na família, existem pouquíssimos membros de tez e olhos claros. Entretanto o que trazemos no corpo e nos modos de agir e interagir remete as nossas matrizes indígenas e africanas. As histórias que ouço dos antigos desde pequena é de negr@s e índi@s fortes que iam para o rio pegar peixe grande, que faziam gostosos beijús nas casas de farinha, que enfrentavam lobisomem e assombração a base do facão, que curavam as doenças e maus olhados com as folhas, infusões e palavras sagradas, que sambavam a noite inteira ao som dos atabaques das “casas de santo”.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

INTERATIVIDADE: O blogue é meu, eu posto o que eu quiser.


São tantos os burburinhos... mas não me abalam, porque não me sinto obrigada a fazer o que não me convém. Ultimamente, minha relação com o blogue anda fluindo naturalmente. Blogue e eu, eu e blogues, virtual, real, atual...

Na blogosfera interajo de maneira peculiar, uma das grandes descobertas foi acessar Por que você faz poema? de Herculano Neto. Através de um cartão de visita adquirido presencialmente, pude ultrapassar os limites da lista disponível no moodle.ufba. Tive a oportunidade de conhecer melhor alguém próximo e ao mesmo tempo distante. Acredito que um dos objetivos da disciplina Educação e Tecnologias Contemporâneas foi atingido. O blogue, dentre suas várias possibilidades, configura-se como um diário online.
Sou LIVRE e não me permito ser manipulada.