segunda-feira, 10 de maio de 2010

SÚPLICA A OXUM













Em cada corpo negro
Você
Presente ancestral
Sob o domínio da minha tribo
por um breve período
Pedi a Oxum você para mim
Mas não prestei oferenda
Não fiz ritual
E você partiu para outras terras.
Tantas vezes águas nos olhos
Lutando contra a vontade de derramá-las
Engulo em seco.
Naquela noite
Depois do transe profundo
Falei em outro plano
Proferir segredos do meu espírito
E senti a estranha presença do mal
Amanheceu
O coração doía
Não descansei
Vigiando-te ao longo da noite
Com o gosto do seu suor na boca
Vi seu corpo desaparecer por entre minhas armas
Quando as flechas me acertaram
Eu nem me defendi
Ao retirar as lanças do meu corpo em sangue
Senti um alívio que momentaneamente
Revigorou-me a força
Como guerreira que perdeu a batalha
Recuei com orgulho
Mas a dor insistiu no peito
E o fim anunciou
Perdi o presente dos meus ancestrais.
Mas o chamado é forte
Uma intimação
Há de se chegar o tempo
Em que suplicarei como uma escrava
Oxum!
Com barro fino e amarelo das margens do seu rio
Reveste a minha alma lânguida e rebelde.


                                         

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